Funcionário que trabalha em casa é alvo de empresasAvanço da tecnologia e maior flexibilidade das empresas estimulam contratação de pessoas com escritório em casa
Rodrigo elogia: "Às vezes, ligo a TV, relaxo e a solução chega" |
E é exatamente assim que pensa a gerente de negócios da Ticket, Ana Paola Soares. Ela, que trabalha há 21 anos na empresa do setor de refeição e alimentação-convênio, viveu os dois lados da moeda e, há três anos, trabalha em casa. "A mudança foi positiva. A maior vantagem é a qualidade de vida, é estar perto da família. Hoje, almoço com meus filhos. Quando estava no escritório, tinha que enfrentar o trânsito para chegar ao Vale do Sereno (Nova Lima)", relata. Ana afirma que segue uma rotina: "Inclusive, visto-me como se estivesse na empresa".
Marco Autrélio Silva, gerente de vendas da Shell, afirma que o home office dá mais flexibilidade à agenda e tende a ser mesmo mais produtivo. "Mas exige muita autodisciplina. É comum no início da experiência você trabalhar o dobro e acabar se perdendo", alerta. Segundo ele, regras claras foram implantadas em casa. "Minha esposa me ajuda muito nesse sentido com meus três filhos. Tem horário de brincar, fazer tarefa e até para usar brinquedos barulhentos", define.
A Ticket aderiu ao conceito de home office há cinco anos. De acordo com a superintendente de vendas da companhia, Dalva Braga, o ganho em produtividade é expressivo. "Houve aumento médio de 1,5 visita ao dia. Com o fechamento de novos negócios, a receita proveniente dessas vendas aumentou 76%", diz. Na Shell, os funcionários que trabalham em casa são avaliados periodicamente, com relatórios de desempenho e avaliações semestrais. "O supervisor faz o acompanhamento da equipe, promovendo reuniões mensais ou semanais para manter o relacionamento entre os funcionários", afirma a gerente de desenvolvimento organizacional da multinacional, Patrícia De Nes.
Trabalhadores como Rodrigo, Marco Aurélio e Ana Paola ganharam um reforço a mais esta semana. Na quarta-feira, foi aprovado o Projeto de Lei 4.505/2008, que regulamenta o teletrabalho no país. "É uma vitória, mas ainda deixa boas brigas pela frente, como a definição de não ter horas extras", declara o presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho (Sobratt) e diretor-executivo da Soft Trade, Daniel Castello.
No Brasil, segundo projeções feitas por associados da entidade, existem cerca de 10,6 milhões de teletrabalhadores. De acordo com Castello, não é possível mensurar desse total quantos trabalham em home oficces, já que, no geral, a função engloba trabalho a distância. No entanto, pesquisa da Sobratt com 3,7 mil companhias revela que o teletrabalho estava presente em 25% delas no ano passado. Em 2006, o percentual era de 15%.
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